História do Surdo

 A língua de sinais é a língua usada pela maioria dos Surdos, no seu dia a dia, sendo a principal força que une a comunidade. Cada país possui sua própria língua de sinais, no Brasil a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), nos Estados Unidos o ASL (American Signal Languange e assim por diante.

As línguas de sinais são naturais, possuindo estrutura e gramática própria, assim como as línguas orais. Elas “nasceram” no meio de cada comunidade e tomou seu espaço, relacionando-se com a cultura do país e da região em que se situa a comunidade.

Logo as línguas de sinais refletem a cultura dos lugares onde elas são usadas, mais uma vez desmitificando que, a língua de sinal não é universal.

História do Surdo

Conhecer a história, sempre nos faz refletir e entender os fatos atuais, visto que o presente não está separado do passado, por isso é importante que a trajetória seja vista como um processo.

Tudo começa lá no Egito, no primeiro resquício de civilização, cerca de 8000 a.C., onde os surdos eram considerados “escolhidos”, quase um semideus, pois seu silencio e comportamento lhes davam uma aparência de sábios, de detentores de um saber que só cabia a eles conhecer.

Mas, na Grécia, a história foi diferente. Pelo fato de a sociedade da época estar constantemente em guerras ou conflitos, era de extrema importância que os indivíduos não apresentassem deficiência, ou eram simplesmente exterminados. Para os filósofos da época que acreditavam que o pensamento de dava por meio de palavras, os surdos eram considerados irracionais, como Aristóteles que deixou os surdos na ignorância por séculos.

Na Roma também a história se repete, cabia ao chefe da casa decidir se a criança “com defeito” viveria ou não. Mediante sua escolha, era comum que as crianças fossem afogadas no rio Tiger. Contudo, a cultura de matar crianças perdurou até a vinda de Cristo, depois disso a morte acabou, mas ainda não eram aceitos na sociedade.

Cerca de 20 séculos depois (IV a.C. - XVI d.C.) viu se a possibilidade de conseguir de educar a pessoa surda.

Ø  1.500 - ITÁLIA - O médico Gerolamo Cardano, observou que surdo não é irracional, não é porque não ouve que não pensa. Começou a observar outros métodos de aprender

Ø  1.584 - ESPANHA - O monge Pedro Ponce de Leon, o primeiro professor de surdos. Ensinou duas crianças através na escrita e de gestos simples, por meio do primeiro alfabeto manual, que o monge desenvolveu. O qual permitia que a criança surda aprendesse a soletrar (letra por letra) toda a palavra. Seu trabalho foi considerado de grande importância na época.

Mas na época a maioria dos europeus, acreditavam que os surdos eram incapazes de serem educados, nem mesmo poderiam ser educados como cristãos, deixando os à margem da sociedade.

Ø  1.760 - FRANÇA - Charles Michel L'epée, considerado o pai dos surdos, saiu pelas ruas da França procurando por pobres e miseráveis surdos que usava uma linguagem manual comum, para os ensinar comunicar através de sinais, a LSF (Langue des signes française). Com resultado de seus trabalhos, ele se convenceu de que era possível ensinar os surdos com uma linguagem de gestos. E mais tarde ele abriu uma instituição para receber outras instruí-las através da religião.

Ø  1.755 -ALEMANHA -Samuel Heinick defendia que os surdos deveriam falar. Então passou difundir o oralismo e até fundou uma escola, a primeira escola de oralismo puro, inicialmente com 9 alunos.

As abordagens na educação dos surdos.

Mas qual a melhor maneira de ensinar?

Então em 1880, aconteceu o Congresso de Milão. No qual entre educadores e especialistas ficou descido que o melhor rumo para a educação das pessoas surdas era através do Oralismo, pois a língua falada era superestimada e qualquer coisa fora disso foi considerando um retrocesso na evolução da linguagem. No congresso, apenas os ouvintes decidiram. Não deu certo.

Bem mais tarde, por volta de 1960, o americano William Stockoe, percebe que, o que os surdos faziam não era mímica, era uma língua. A partir daí, ele começou a desenvolver essa língua, o ASL (American Signal Languange). E surge uma outra modalidade, a Comunicação Total. Na qual visou facilitar o processo de ensino e aprendizagem da língua oral pela utilização de todo e qualquer recurso, como sinais, mímicas, alfabeto manual, etc. Não deu certo.

Bimodalismo, falar e sinalizar. Não deu certo também.

Ø  Por volta de 1980, depois de várias falhas os surdos já ansiavam por reconhecimento. Então William Stokoe propõe o Bilinguismo, que consiste levar o surdo a desenvolver habilidades em sua língua primária (sinais) e secundária (a leitura e escrita do idioma do país). E é assim até hoje.

No Brasil

Ø  1.855 - Dom Pedro II - mandou buscar na França o professor Ernest Huet, para ensinar 2 jovens, também da nobreza, através da língua de sinais, hoje a Libras.

Ø  1.857 - O Ernest fundou o Instituto Imperial de Surdos e Mudos, posteriormente o Instituto Nacional de Educação dos Surdos, o INES, que funcionava como internato e externato, no Rio. No entanto em 1911, o instituto também adotou o Oralismo, devido ao Congresso de Milão. Depois a Comunicação Total e atualmente, o Bilinguismo.

Concepções

Ø  Clínico-patologico - normalizar a situação, curar.

Ø  Sócio antropologia - surdos tem suas próprias culturas, língua, tradições... Então eles já são normais, só são diferentes, tem formas distintas de se relacionar – Bilinguismo.

Legislação Brasileira

LEI Nº 10.436, de 24 de abril de 2002

Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais Libras e dá outras providências.

DECRETO 5.626, de 22 de dezembro de 2005

Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

O termo mais adequado para se referir ao Surdo é pessoa com deficiência

·         Surdo” individuo ou de um grupo minoritário, portador de uma deficiência auditiva, usuário de uma mesma língua e de uma mesma cultura.

·         surdo” condição audiologia de não ouvir.

Segundo pesquisas do americano James Woodward, que criou as designações de “Surdo” e “surdo”.

Referências

UNESCO. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre Necessidades Educativas especiais. http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf. Acesso em 25 de março de 2021;

BRASIL. LEI Nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais -Libras e dá outras providências.  http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10436.htm. Acesso em 25 de março de 2021;

BRASIL. DECRETO Nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais -Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/D5626.htm. Acesso em 25 de março de 2021;

HONORA, Márcia; FRIZANCO, Mary Lopes Esteves. Livro Ilustrado de Língua Brasileira de Sinais: desvendando a comunicação usada pelas pessoas com surdez: Volume 1.  1 janeiro 2012;

PEREIRA, Maria. Cristina Cunha; CHOI, Daniel; VIEIRA, Maria Inês; GASPAR, Priscila; NAKASATO, Ricardo. LIBRAS: Conhecimento Além dos Sinais. 16 junho 2011.


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