A Competência Linguística

   O texto Competência Linguísticade Esmeralda Negrão, Ana Scher & Evani Viotti, mostra as relações entre sintaxe e semântica são, sim, determinantes para a realização de sentenças do português aceitáveis e a generalização de informações a respeito dos verbos deve ser questionada. 
  • Uma criança nativa da língua portuguesa sabe formular sentenças impessoais sem grandes esforços.
  • Na década de 60, Chomsky propôs a Gramatica Gerativa.
  • A gramatica gerativa assume que todo ser humano nasce dotado de uma faculdade da linguagem.
  • Toda criança tem a mesma capacidade de aprendizado com a própria língua e isso é chamado de Gramatica universal.
A Gramatica Universal é constituída de dois princípios.      
  1. Rígidos e invariáveis.      
  2. Abertos. 
Objetivos da Gramatica Gerativa:
  1. Descrição de conhecimento linguístico para qualquer pessoa.
  2. Caracterização da Gramatica Central
  3. Processos que levam uma criança da Gramatica Universal até o conhecimento da sua própria língua.
São dados no texto, exemplos sobre verbos passivos.

ORIGINAL:
  • O residente custou para examinar a paciente do quarto 12.
  • O residente pretende examinar a paciente do quarto 12.
EM VOZ PASSIVA:
  • A paciente do quarto 12 custou para ser examinada pelo residente.
  • A paciente do quarto 12 pretende ser examinada pelo residente.
Na transformação em voz passiva, a carga semântica da sentença não é alterada.
   
   Os verbos são constituídos de “argumentos” que satisfazem as suas necessidades. No caso em questão, são o residente e a paciente do quarto 12, que satisfazem os argumentos de examinar. O fato de aparecerem como sujeitos de custar deve-se a outras razões que não a de satisfazer as exigências (os argumentos) desse verbo.
   No caso de pretender, ele próprio exige argumentos que preencham suas exigências.
Para que as sentenças sejam aceitáveis em português é preciso satisfazer as necessidades tanto de pretender quanto de examinar, assim:
  • O residente pretende que o médico-chefe examine a paciente do quarto 12.
  • O residente pretende que a paciente do quarto 12 seja examinada pelo médico-chefe.
Parecer e tentar:
  • O residente parece ter examinado a paciente do quarto 12.
  • O residente tentou examinar a paciente do quarto 12.
  • A paciente do quarto 12 parece ter sido examinada pelo residente.
  • A paciente do quarto 12 tentou ser examinada elo residente.
Estruturas sintáticas diferentes:
  • Parece que o residente examinou a paciente do quarto 12.
  • * Tentou que o residente examine a paciente do quarto 12.
  • Os verbos custar e parecer possuem um único sujeito.
  • Os verbos pretender e tentar possuem dois sujeitos, uma da oração principal e outro da subordinada.
Relações entre léxico e sintaxe:
   Verbos com um sujeito e com um objeto direto podem, segundo a gramática tradicional, ser passivisados, assim:
  • João quebrou o vaso.
  • O vaso foi quebrado pelo João.
  • Porém:
  • João quebrou a perna.
  • *A perna foi quebrada pelo João.
  É importante lembrar que nós, falantes de português, entendemos a peculiaridade do verbo quebrar (e de outros) e não nos utilizemos de frases “sem sentido” para nós, a despeito das prescrições da gramática normativa:
  • João perdeu o amigo.
  • * O amigo foi perdido pelo João.
  • João perdeu a carona.
  • * A carona foi perdida pelo João.
Passiva sintática e passiva adjetiva:
  • Os filhos são amados pelos pais.
  • * Os filhos ficam amados pelos pais.
  • Os professores são respeitados pelos alunos.
  • * Os professores ficam respeitados pelos alunos.
  • *Os moradores foram chateados pelos feirantes.
  • Os moradores ficaram chateados com os feirantes.
  • Os amigos foram preocupados pelo João.
  • Os amigos ficaram preocupados com o João.

Sistematicidade entre léxico e sintaxe:
  Sujeito, OD e OI:
  • João deu um livro para Pedro.
  Sujeito e OD:
  • Paulo adorou o filme.
  Sujeito e OI:
  • O conferencista argumentou contra a proposta da diretoria.
  Apenas um Sujeito:
  • João trabalha muito.
  Verbos sem sujeito e sem objeto:
  • Choveu muito.
   Tem também mais alguns outros exemplos como verbos mono argumentais e construções com o particípio absoluto, mas fica para outra hora. Observamos, no uso das possibilidades sintático e semânticas do português, que os falantes possuem a competência para fazê-lo, de forma a produzir sentenças aceitáveis ou não, dependendo de seu conhecimento.
   A elaboração mais apurada de organizações sintáticas e semânticas depende, por sua vez, do desempenho, que diz respeito às capacidades dos sujeitos de fazerem uso das possibilidades da língua.

                                                                                                                       Por: Rosana Vieira Molina

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